Um filósofo e seu
discípulo resolveram fazer uma pesquisa e saber como viviam as pessoas na sua
região. Chegando à primeira residência, foraa recebidos pelos moradores: um casal
com cinco filhos - todos com roupas limpas, porém rasgadas. Depois de servir um
cafézinho dispôs-se a responder as perguntas do visitante.
- O senhor está no meio
desta floresta, não há nenhum comércio nas redondezas - observou o mestre ao
pai de família. Como sobrevivem aqui?
E o homem, calmamente,
respondeu:
- Meu amigo, a situação é
muito difícil. Graças a Deus, temos aqui uma vaquinha que não nos deixa passar
fome. Às vezes sobra um pouco de leite e fazemos um pouco de queijo e vendemos
na cidade vizinha. E assim vamos sobrevivendo.
O filósofo agradeceu pela
informação, comtemplou o lugar por um momento e foi embora. No meio do caminho,
disse ao discípulo:
- Jogue a vaquinha deste
pobre homem no precipício.
- Não posso fazer isso, é
a única forma de sustento da família! - Espantou-se o discípulo.
O filósofo permaneceu
calado. Sem alternativa, o rapaz fez o que lhe mandara o mestre, e a vaquinha
morreu na queda. A cena ficou gravada em sua memória.
Muitos anos depois, já um
empresário bem sucedido, o ex-discípulo resolveu voltar ao mesmo lugar, contar
tudo à família, pedir perdão e ajudá-la financeiramente. Chegando lá, para sua
surpresa, encontrou o local transformado num belíssimo sítio, com árvores
floridas, carro na garagem e rapazes e moças bem vestidos e felizes. Ficou
desesperado, imaginando que a humilde família tivesse precisado vender o sítio
para sobreviver. Apertou o passo e foi recebido por um caseiro muito simpático.
- Para onde foi a família
que vivia aqui há dez anos? - perguntou.
- Continuam donos do
sítio - foi a resposta.
Espantado, ele entrou
correndo na casa, e o senhor logo o reconheceu. Perguntou como estava o
filósofo, mas o rapaz nem respondeu, pois se achava ansioso demais para saber
como o homem conseguira melhorar tanto o sítio e ficar tão bem de vida.
- Bem, nós tinhamos uma
vaquinha, mas ela caiu no precipício e morreu - disse o senhor. - Então, para
sustentar minha família, tive que plantar ervas e legumes. Como as plantas
demoravam a crescer, comecei a cortar madeira para vender. Ao fazer isso, tive
que replantar as árvores e precisei comprar mudas. Ao comprar mudas, lembrei-me
da roupa de meus filhos e pensei que talvez pudesse cultivar algodão. Passei um
ano difícil, mas quando a colheita chegou, eu já estava exportando legumes,
algodão e ervas aromáticas. Nunca havia me dado conta de todo o meu potencial
aqui: ainda bem que aquela vaquinha morreu. Era um atraso em nossas vidas.
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