quinta-feira, 11 de outubro de 2012

O prego



Certo feirante, depois de um dia muito proveitoso com excelentes resultados no negócio, se dispôs a voltar para casa antes do entardecer. Montou seu cavalo e, prendendo muito bem à cintura a bolsa com seu dinheiro, deu início à jornada de volta. Lá pelas tantas, parou em um pequeno povoado para uma rápida refeição. Quando já se preparava para prosseguir na caminhada, o moço da cachoeira o avisou:
- “Senhor, está faltando um prego na ferradura da pata esquerda do seu animal. Não seria melhor providenciar outro?”
- “Deixa faltar...” - respondeu o feirante – “Estou com muita pressa; sem dúvida a ferradura agüentará bem as horas que ainda restam a percorrer”. E lá se foi ele.
À tardinha, quando parou para dar ração pro cavalo, o encarregado da cavalaria também foi ter com ele,  dizendo:
- “Olha, está faltando a ferradura da pata esquerda do seu animal. Quer que o nosso ferreiro veja isto?”
- “Deixa faltar. Estou com muita pressa e restam poucas horas para que cheguemos ao nosso destino. Por certo o cavalo resistirá” - respondeu ele.
Continuou a cavalgar, mas já não conseguira andar muito, quando notou que o cavalo estava manquejando. Tentou continuar na esperança de chegar em casa; entretanto, depois de poucos metros o animal passou a tropeçar e, com pouco mais de tempo, numa queda mais forte, o cavalo fraturou a perna e já não pôde mais sair do lugar.
Era noite e o feirante viu-se obrigado a deixar o pobre animal caído, sem qualquer atendimento. Desprendendo a caixa onde carregava uma série de apetrechos para seu uso na feira, pô-la às costas e foi caminhando. A distância que parecia curta tornou-se longa e penosa. Só muito tarde chegou ele cansado, faminto e preocupado com a possível perda do animal. Foi então que começou a raciocinar: Tudo por causa de um simples prego que não foi substituído no momento que se fez necessário.

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