quarta-feira, 10 de outubro de 2012

João 3,16



Na cidade de São Paulo, numa noite fria e escura de inverno, próximo a uma esquina por onde passavam várias pessoas, um garotinho vendia balas a fim de conseguir alguns trocados. Mas o frio estava intenso e as pessoas já não paravam mais quando ele as chamava. Sem conseguir vender mais nenhuma bala, ele sentou na escada em frente a um loja e ficou observando o movimento das pessoas. Sem que ele percebesse, um policial se aproximou.
"Está perdido, filho?" – O garoto meneou a cabeça.
"Só estou pensando onde vou passar a noite hoje. Normalmente durmo em minha caixa de papelão, perto do correio, mas hoje o frio está terrível. O senhor sabe me dizer se há algum lugar onde eu possa passar esta noite?"
O policial olhou-o por uns instantes e coçou a cabeça, pensativo.
"Se você descer por esta rua", - disse ele apontando o polegar na direção de uma rua, à esquerda - , “Lá embaixo vai encontrar um casarão branco; chegando lá, bata na porta e quando atenderem apenas diga 'João 3,16'”.
Assim fez o garoto. Desceu a rua estreita e quando chegou em frente ao casarão branco, subiu os degraus da escada e bateu na porta. Quem atendeu foi uma mulher idosa, de feição bondosa.
"João 3,16", - disse ele, sem entender direito.
"Entre, meu filho". - A voz era meiga e agradável.
Assim que ele entrou, foi conduzido por ela até a cozinha onde havia uma cadeira de balanço antiga, bem ao lado de um velho fogão de lenha aceso.
"Sente-se filho, e espere um instantinho, tá?"
O garoto se sentou e, enquanto observava a velha e bondosa mulher se afastar, pensou consigo mesmo: "João 3,16... Eu não entendo o que isso significa, mas sei que aquece a um garoto com frio". Pouco tempo depois a mulher voltou.
"Você está com fome?", perguntou ela.
"Estou um pouquinho, sim... há dois dias não como nada e meu estômago já começa a roncar".
A mulher então o levou até a sala de jantar, onde havia uma mesa repleta de comida. Rapidamente o garoto sentou-se à mesa e começou a comer; comeu de tudo, até não aguentar mais.
Então ele pensou consigo mesmo: "João 3,16... Eu não entendo o que isso significa, mas sei que mata a fome de um garoto faminto".
Depois a bondosa senhora o levou ao andar superior, onde se encontrava um quartinho com uma banheira cheia de água quente. O garoto só esperou que a mulher se afastasse e, então, rapidamente se despiu e tomou um belo banho, como há muito tempo não fazia.
Enquanto esfregava a bucha pelo corpo pensou consigo mesmo: "João 3,16... Eu não entendo o que isso significa, mas sei que torna limpo um garoto que há muito tempo estava sujo".
Cerca de meia hora depois a velha e bondosa mulher voltou e levou o garoto até um quarto onde havia uma cama de madeira, antiga, mas grande e confortável. Ela o abraçou, deu-lhe um beijo na testa e, após deitá-lo na cama, desligou a luz e saiu. Ele se virou para o canto e ficou imóvel, observando a garoa que caía do outro lado do vidro da janela. E ali, confortável como nunca, ele pensou consigo mesmo: "João 3,16... Eu não entendo o que isso significa, mas sei que dá repouso a um garoto cansado".
No outro dia, de manhã, a bondosa senhora preparou uma bela e farta mesa e o convidou para o café da manhã. Quando o garoto terminou de comer, ela o levou até a cadeira de balanço, próximo ao fogão de lenha. Depois seguiu até uma prateleira e apanhou um livro grande, de capa escura. Era uma Bíblia. Ela voltou, sentou-se numa outra cadeira, próximo ao garoto e olhou dentro dos olhos dele, de maneira doce e amigável.
"Você entende João 3,16, filho?"
"Não, senhora... eu não entendo... A primeira vez que ouvi isso foi ontem à noite... um policial que falou...".
Ela concordou com a cabeça, abriu a Bíblia em João 3,16 e começou a explicar sobre Jesus. E ali, aquecido junto ao velho fogão de lenha, a velha senhora leu o texto e explicava para o garoto. E enquanto lágrimas de felicidade deixavam seus olhos e rolavam face à baixo, ele pensou consigo mesmo: "João 3,16... ainda não entendo muito bem o que isso significa, mas agora sei que isso faz um garoto perdido se sentir realmente seguro".
 

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