domingo, 21 de junho de 2009

Sobre o Tempo e as Jabuticabas

Contei meus anos
e descobri que terei menos tempo para viver
daqui para frente do que já vivi até agora.
Sinto-me como aquele menino
que ganhou uma bacia de jabuticabas.
As primeiras, ele chupou displicente,
mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões
onde desfilam egos inflados.
Inquieto-me com invejosos
tentando destruir quem eles admiram,
cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para projetos megalômanos.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis
para discutir assuntos inúteis
sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar
melindres de pessoas que,
apesar da idade cronológica, são imaturas.

Detesto fazer acareação de desafetos
que brigaram pelo majestoso cargo
de secretário geral do coral.
Lembrei-me agora de Mário de Andrade
que afirmou: ‘as pessoas não debatem conteúdos,
apenas os rótulos’.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos,
quero a essência, minha alma tem pressa...

Sem muitas jabuticabas na bacia,
quero viver ao lado de gente humana,
muito humana; que sabe rir de seus tropeços,
não se encanta com triunfos,
não se considera eleita antes da hora,
não foge de sua mortalidade,
defende a dignidade dos marginalizados,
e deseja tão somente andar ao lado de Deus.

Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade,
desfrutar desse amor absolutamente sem fraudes,
nunca será perda de tempo.

O essencial faz a vida valer a pena!

Basta o essencial!

Recebido pelo jornal Santa Edwiges, como colaboração

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