sábado, 6 de outubro de 2012

Viva como as flores



“Mestre, como faço para não me aborrecer? Algumas pessoas falam demais, outras são ignorantes. Algumas são indiferentes.Sinto ódio das que são mentirosas e, ainda, sofro com as que caluniam.

– “Pois viva como as flores”, advertiu o mestre.

– “Como é viver como as flores?” - Perguntou o discípulo.

– “Repare nestas flores” – continuou o mestre, apontando lírios que cresciam no jardim – “Elas nascem no esterco, entretanto, são puras e perfumadas. Extraem do adubo malcheiroso tudo que lhes é útil e saudável, mas não permitem que o azedume da terra manche o frescor de suas pétalas. É justo angustiar-se com as próprias culpas, mas não é sábio permitir que os vícios dos outros o importunem. Os defeitos deles são deles e não seus. Se não são seus, não há razão para aborrecimento. Exercite, pois, a virtude de rejeitar todo o mal que vem de fora. Isso é viver como as flores”.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Convite da Loucura



A Loucura resolveu convidar os amigos para tomar um café em sua casa.
Todos os convidados foram. Após o café, a Loucura propôs:
- Vamos brincar de esconde-esconde?
- Esconde-esconde? O que é isso? – perguntou a Curiosidade.
- Esconde-esconde é uma brincadeira. Eu conto até cem e vocês se escondem. Ao terminar de contar, eu vou procurar, e o primeiro a ser encontrado será o próximo a contar.
Todos aceitaram, menos o Medo e a Preguiça.
- 1,2,3,... - a Loucura começou a contar.
A Pressa escondeu-se primeiro, num lugar qualquer. A Timidez, tímida como sempre, escondeu-se na copa de uma árvore. A Alegria correu para o meio do jardim. Já a Tristeza começou a chorar, pois não encontrava um local apropriado para se esconder. A Inveja acompanhou o Triunfo e se escondeu perto dele debaixo de uma pedra. A Loucura continuava a contar e os seus amigos iam se escondendo. O Desespero ficou desesperado ao ver que a Loucura já estava no noventa e nove.
- CEM! - gritou a Loucura. – Vou começar a procurar...
A primeira a aparecer foi a Curiosidade, já que não agüentava mais querendo saber quem seria o próximo a contar. Ao olhar para o lado, a Loucura viu a Dúvida em cima de uma cerca sem saber em qual dos lados ficar para melhor se esconder. E assim foram aparecendo a Alegria, a Tristeza, a Timidez... Quando estavam todos reunidos, a Curiosidade perguntou:
- Onde está o Amor?
Ninguém o tinha visto. A Loucura começou a procurá-lo.
Procurou em cima da montanha, nos rios, debaixo das pedras e nada do Amor aparecer. Procurando por todos os lados, a Loucura viu uma roseira, pegou um pauzinho e começou a procurar entre os galhos, quando de repente ouviu um grito. Era o Amor, gritando por ter furado o olho com um espinho. A Loucura não sabia o que fazer.
Pediu desculpas, implorou pelo perdão do Amor e até prometeu segui-lo para sempre. O Amor aceitou as desculpas.
Hoje, o Amor é cego e a Loucura o acompanha sempre.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

A ponte de madeira



Dois irmãos que moravam em fazendas vizinhas, separadas apenas por um riacho, entraram em conflito. Foi a primeira grande desavença em toda uma vida de trabalho lado a lado. Mas agora tudo havia mudado. O que começou com um pequeno mal entendido, finalmente explodiu numa troca de palavras ríspidas, seguidas por semanas de total silêncio. Numa manhã, o irmão mais velho ouviu baterem à sua porta.
- Estou procurando trabalho, disse ele. Talvez você tenha algum serviço para mim.
- Sim, disse o fazendeiro. Claro! Vê aquela fazenda ali, além do riacho? É do meu vizinho. Na realidade do meu irmão mais novo. Nós brigamos e não posso mais suportá-lo. Vê aquela pilha de madeira ali no celeiro? Pois use-a para construir uma cerca bem alta.
- Acho que entendo a situação, disse o carpinteiro. Mostre-me onde estão a pá e os pregos.
O irmão mais velho entregou o material e foi para a cidade. O homem ficou ali cortando, medindo, trabalhando o dia inteiro. Quando o fazendeiro chegou, não acreditou no que viu: em vez de uma cerca, uma ponte foi construída ali, ligando as duas margens do riacho. Era um belo trabalho, mas o fazendeiro ficou enfurecido e falou:
- Você foi atrevido construindo essa ponte depois de tudo que lhe contei.
Mas as surpresas não pararam ai. Ao olhar novamente para a ponte viu o seu irmão aproximar-se de braços abertos. Por um instante permaneceu imóvel do seu lado do rio. O irmão mais novo então falou:
- Você realmente foi muito amigo construindo esta ponte mesmo depois do que eu lhe disse. De repente, num só impulso, o irmão mais velho correu na direção do outro e abraçaram-se, chorando no meio da ponte. O carpinteiro que fez o trabalho, partiu com sua caixa de ferramentas.
- Espere, fique connosco! Tenho outros trabalhos para você.
E o carpinteiro respondeu:
- Eu adoraria, mas tenho outras pontes a construir...

terça-feira, 2 de outubro de 2012

A asa do amor



Existe uma história de simplicidade linda, que eu gostaria de contar, uma lenda! Não sei se é verdade e não me importo com isso, não precisa ser!
Foi há muito tempo, depois de o mundo ser criado e da vida completá-lo. Um dia em uma tarde de céu azul e calor ameno um encontro entre Deus e um de seus incontáveis anjos!
Acredita?
Deus estava sentado calado sob a sombra de um pé de jabuticaba. Lentamente sem pecado Deus erguia suas mãos e então colhia uma ou outra fruta. Saboreava sua criação negra e adocicada. Fechava os olhos e pensava, permitia-se um sorriso piedoso, mantinha seu olhar complacente. Foi então que das nuvens um de seus muitos arcanjos desceu e veio em sua direção.
Já ouviu a voz de um anjo? É como o canto de mil baleias. É como o pranto de todas as crianças do mundo. É como o sussurro da brisa. Ele tinha asas lindas brancas, imaculadas! Ajoelhou-se aos pés de Deus e falou:
- "Senhor visitei sua criação como pediu. Fui a todos os cantos. Estive no sul, no norte, no leste e oeste!. Vi e fiz parte de todas as coisas. Observei cada uma de suas crianças humanas e por ter visto vim até o Senhor para tentar entender. Por que cada uma das pessoas sobre a terra tem apenas uma asa? Nós anjos temos duas asas podemos ir até o amor que o Senhor representa sempre que desejamos. Podemos voar para a liberdade sempre que quisermos. Mas os humanos com sua única asa não podem voar. Não podem voar com apenas uma asa!"
Deus, na brandura dos gestos, respondeu pacientemente ao seu anjo:
- "Sim... eu sei disso. Sei que fiz os humanos com apenas uma asa!".
Intrigado com a consciência absoluta de seu Senhor, o anjo queria entender e perguntou:
- "Mas por que o Senhor deu aos homens apenas uma asa quando são necessárias duas asas para poder voar, para poder ser livre?".
Conhecedor que era de todas as respostas, Deus não teve pressa para falar. Comeu outra jabuticaba escura e suave, então respondeu:
- "Eles podem voar sim meu anjo. Dei aos humanos apenas uma asa para que eles pudessem voar mais e melhor que Eu ou vocês, meus arcanjos! Para voar meu amigo você precisa de suas duas asas, embora livre, sempre estará sozinho. Talvez da mesma maneira que Eu! Mas os humanos, os humanos com sua única asa precisarão sempre dar as mãos para alguém a fim de terem suas duas asas. Cada um deles tem na verdade um par de asas, uma outra asa em algum lugar do mundo que completa o par! Assim eles aprenderão a se respeitar, pois ao quebrar a única asa de outra pessoa podem estar acabando com as suas próprias chances de voar. Assim, meu anjo, eles aprenderão a amar verdadeiramente outra pessoa, aprenderão que somente se permitindo amar eles poderão voar. Tocando a mão de outra pessoa em um abraço correto e afetuoso eles poderão encontrar a asa que lhes falta e poderão finalmente voar. Somente através do amor irão chegar até onde estou, assim como você, meu anjo! Eles nunca, nunca estarão sozinhos quando forem voar!"
Deus silenciou em seu sorriso. O anjo compreendeu o que não precisava ser dito.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Como fazer alguém feliz



Dê um beijo. Um Abraço. Um passo em sua direção.
Aproxime-se sem cerimônia.
Dê um pouco de calor, do seu sentimento.
Assente-se bem perto e deixe-se ficar.
Algum tempo ou muito tempo.
Não conte o tempo de se dar.
Aprenda a burlar a superficialidade.
Sonhe o sonho, sem duvidar.
Deixe o sorriso acontecer.
Liberte um imenso sorriso.
Rasgue o preconceito.
Olhe nos olhos.
Aponte um defeito, com jeito.
Respeite uma lágrima.
Ouça uma história ou muitas com atenção.
Escreva uma carta e mande.
Irradie simplicidade, simpatia, energia.
Não espere ser solicitado. Preste um favor.
Lembre-se de um caso.
Converse sério ou fiado. Conte uma piada. Ache graça.
Ajude a resolver um problema.
Pergunte: Por que? Como vai? Como tem passado? Que tem feito de bom?
Que há de novo? E preste atenção.
Sugira um passeio.
Um bom livro, uma boa música ou mesmo um programa de televisão.
Diga, de vez em quando, desculpe, muito obrigado.
Não tem importância, que se há de fazer, dá-se um jeito, tente de alguma
maneira.
E não se espante se a pessoa mais feliz for...Você !