sábado, 31 de outubro de 2009

Rede de Intrigas - Uma análise


Rede de Intrigas (1976) é um dos melhores filmes sobre mídia que já vi, ou seja, um filme sobre os bastidores da televisão. Com um formato extremamente irônico do diretor norte-americano Sidney Lumet nos mostra que milhões de pessoas que assistem à televisão são movidas por artifícios de seus donos, diretores e produtores de programas. Ou seja, artifícios que manipulam e tenta educar de uma forma agressiva, mas inconsciente, as formas de expressão humana. Dizem que tudo é um jogo a ser jogado por articuladores da sensação humana. Educação esta que se transformou e continua transformando os cidadãos. Mas como isto acontece? Teríamos nós se tornado humanóides, como o personagem no filme diz:

O povo americano está ficando cada vez mais burro. Após terem sua atenção desviada, entupidos de informações sobre Vietnam, Watergate e inflação. O povo se desligou, emudeceu, fudeu a própria boca e em nada isso ajudou... O povo americano quer alguém que fale por eles, botando pra fora toda a raiva que sentem.

Seria esta uma forma de dizer que, nós que ouvimos e assistimos a televisão somos apenas humanóides que não pensam, não sabem agir, não tem opinião própria?

Porém, quando vemos o filme, presenciamos os interesses de bastidores dos canais televisivos, e conseguimos chegar a apenas uma conclusão: tudo não passa de um jogo político e econômico (comercial). Existem boas intenções na televisão? Sim, talvez (aqui podemos questionar os canais públicos). Mas os lucros vêm em primeiro lugar porque o que está por trás do nosso aparelho televisivo é uma empresa, formada por diversas outras empresas que tem que ter o seu lucro para sobreviver. Mas, então, quem são as pessoas que fazem todas as coisas acontecerem – os jornalistas, os apresentadores? São eles fantoches ou o produto a ser comercializado?

Bem, para se entender melhor, uma pequena sinopse do filme:.

“Esta é a história de Howard Beale, apresentador do telejornal da rede UBS. Houve o tempo em que Howard Beale era um mandachuva na televisão, o poderoso senhor do jornalismo, com audiência de 28 pontos. Mas, em 1969, sua sorte começou a mudar. A audiência caiu para 22; no ano seguinte, sua esposa faleceu. Viúvo, sem filhos, uma audiência agora de 12 pontos. Howard passou a se atrasar, a se isolar e a beber em excesso. Em 22 de setembro de 1975, sua demissão foi-lhe anunciada, com duas semanas de antecedência, por Max Schumacher, presidente do serviço de notícias da UBS.”

Este é o texto em off que está no inicio do filme, para ambientar a pessoa que vai assistir o filme. Tudo acontece. Até mesmo o assassinato de Beale em pleno programa, por dois homens de um grupo terrorista.

Tudo bem! Podemos então perguntar o que tem tudo isto a ver com a Teoria da Comunicação? O que ela poderia nos dizer através do filme?

Quando estudamos os “Paradigmas Jornalisticos das Américas”, vimos que umas das características do Modelo Latino-Americao é a imprensa como espelho da Sociedade. Vimos as mídias são a influência educacional das pessoas. Beale tem esta consciência e influencia toda a multidão a gritar que não suportam mais tudo o que está acontecendo, pelas janelas da sua casa. Torna-se um jargão.

Isto mostra que fazendo-se uma análise podemos ver qual é o papel de um canal de televisão, que muitas vezes, atingem pessoas de baixa educação e se faz do apresentador o seu porta-voz. Acredita no que ele diz e pega como lei o que ouviu. Não temos aqui uma crítica do que é real ou verdadeiro, mas temos uma situação onde o que é verdadeiro e real está presente na telinha da televisão.

Comercialmente este é o grande trunfo do mercado, pois usam de personagens solidificados pela própria mídia para fazer seus comerciais, por exemplo: Ratinho, Camila Pitanga, Juliana Paes, entre outros. Os menos educados acreditam nas suas falas e tomam como verdade.

Temos mais uma vez o interesse das grandes empresas, que fazem dos programas de televisão, ou de pessoas como Beale, que tem uma influência muito forte com o público, ser os seus portadores de interesse. Tudo por uma audiência. Não vemos uma preocupação com a educação popular, a cultura, como seria o ideal para todos.

Como conseqüência, de outra aula da professora, vemos que os grandes mídias do Brasil e do mundo, estão nas mãos de poucos, que tem somente a preocupação com o dinheiro que arrecadam e não com a qualidade que transmitem. Globo, Band, Record.... são emissoras comerciais massivas que fazem da cabeça do povo uma banalização da arte.

Não respeitam as culturas, não obedecem as intenções. Não fazem dos seus “consumidores” pessoas conscientes e culturalmente educadas. A opinião pública só é de interesse quando esta se manifesta de forma contundente e expansiva. Pois, ali terá a audiência.

Concluindo – Enquanto tivermos Beale’s nas tevês brasileiras, fazendo a cabeça do povo com seus sensacionalismos baratos, teremos sempre uma cultura sendo morta na sociedade e lucro para as empresas.

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