Martinho da Vila: É Natal! O melhor presente é um livro
Rio - Oi, amiga! Alô, amigo! É Natal, tempo de presentear, e o melhor presente é um livro. Vamos ler? Vale qualquer um, mas não se engane vasculhando só as orelhas, o prefácio e a contracapa. Eu amo os livros, mas não sou um grande leitor e não aprecio livros grossos, pesados.
Além de ler, o que mais gosto de fazer é cantar. Qualquer palco é mágico e nele o artista se transforma. É também místico. Já entrei em cena num teatro com dor de dente, não senti nada durante a atuação e saí sentindo a dor. No palco é onde me sinto melhor, me dá prazer. Outra boa atividade é a composição, um prazeroso autossuplício. A junção de notas musicais para criar um novo som e o garimpo de palavras exatas para uma letra poética é angustiante, mas quando o compositor faz nascer uma nova música, tem a sensação de ter gerado um filho. Sinto o mesmo prazer quando boto o ponto final em um livro.
Quem lê atenciosamente uma obra inteira pela primeira vez tem a sensação de vitória e fica com a autoestima lá no alto, como me confidenciou Deuzina, uma das minhas irmãs que já está no céu: " Mano, já li o seu livro, o ‘Quizombas'. Fiquei feliz". O que mais sensibiliza um escritor é saber que alguém leu a sua obra, mesmo que seja um parente. "Alguma observação?", perguntei. " Só posso dizer que foi muito bom pra mim. Li tudinho. Não conta para ninguém, mas eu nunca havia lido um livro inteiro". Experimentei um estado de felicidade tão grande pelo que a mana me disse que as palavras me fugiram da boca. Balbuciei: "E... E aí?" Ela disse: "Estou me sentindo vitoriosa. Parece que sou outra pessoa". Respondi: " Pode crer que é. Leia mais que pegará gosto pelos livros e entrará para o superior grupo dos leitores". É um grupo seleto, porque o analfabetismo ainda não foi erradicado. Muitos alfabetizados não sabem ler direito e há pessoas formadas que só leram obras inteiras por obrigação, jamais pelo simples prazer. Entretanto, o interesse pelos livros está aumentando gradativamente, em parte graças às feiras literárias que acontecem por este Brasil afora. As Bienais do Rio e de São Paulo são frequentadas por milhões de pessoas e muitas feiras são realizadas em toda parte. Neste mês fui convidado para muitas, mas não dá pra ir a tudo que gostaria.
Participei de um evento literário em Angra dos Reis, fiz uma conferência no PEN Club do Brasil, outra em Angola na União dos Escritores e, no dia 2 próximo, falarei em Teresópolis. Não gosto muito de falar, prefiro escrever, cantar e ler. Boas obras devem ser relidas. É muito bom. Repus as mãos e os olhos no romance ‘Clara dos Anjos', do genial Lima Barreto, um romance com música, poesia, sexo, história... E senti uma nova emoção. Vale a pena conferir. Feliz Natal, amigos!
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