sábado, 31 de agosto de 2013

Uma lenda chinesa



Há muito tempo, uma jovem chamada Lili se casou e foi viver com o esposo e a sogra. Depois de alguns dias, não se entendia com ela. Suas personalidades eram muito diferentes e Lili foi irritando-se com os hábitos da sogra, que frequentemente a criticava.

Os meses passaram e Lili e sua sogra cada vez mais discutia e confrontavam-se. De acordo com uma antiga tradição chinesa, a nora tem que cuidar da sogra e obedece-la em tudo.

Lili, não suportando mais viver com a sogra, decidiu tomar uma decisão e visitar um amigo de seu pai. Depois de ouvi-la, ele tomou um pacote de ervas e disse-lhe: 

- “Não deverás usa-las de uma so vez para libertar-se da tua sogra, porque isto causaria suspeitas. Deverás dar-lhe varias ervas que irão lentamente envenenando a tua sogra. Cada dois dias porá um pouco destas ervas em sua comida. Agora, para ter certeza de quando ela morrer ninguém suspeitará de ti, deverás ter muito cuidado e aja de forma amigável. Não discutas, ajuda-a a resolver seus problemas. Lembre-se, tem que escutar-me e seguir todas minhas instruções”. 

Lili respondeu: 

- “Sim, Sr. Huang, farei tudo o que o me pede”. 

Lili ficou muito contente, agradeceu o Sr. Huang, e voltou apressadamente para dar início ao projeto de assassinar sua sogra.

Passaram as semanas e a cada dois dias, Lili servia uma comida especialmente tratada a sua sogra. Sempre se lembrava o que o Sr. Huang lhe havia recomendado sobre evitar suspeitas. E assim controlou seu temperamento, obedecia a sogra e a tratava como se fosse sua própria mãe.

Depois de seis meses, a casa inteira estava completamente mudada. Lili havia controlado seu temperamento e quase nunca se aborrecia. Nestes meses, não havia tido discussões com sua sogra, que agora parecia muito mais amável e mais fácil de lidar com ela. As atitudes da sobra também mudaram e ambas passaram a tratar-se como mãe e filha.

Um dia Lili foi novamente procurar o Sr. Huang, para pedir-lhe ajuda e disse-lhe:

- “Querido Sr. Huang, por favor, ajuda-me a evitar que o veneno mate a minha sogra. Ela se transformou em uma mulher agradável e a amo como se fosse minha mãe. Não quero que ela morra por causa do veneno que me deu”.

O Sr. Huang sorrieu e moveu a cabeça:

- “Lili, não tem porque se preocupar. Tua sogra não mudou, quem mudou foi você. As ervas que lhe dei, eram vitaminas para melhorar a sua saúde. O veneno estava em sua mente, na sua atitude, mas foi jogado fora e substituído pelo amor que passaste a dar a ela”.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

O Segundo Traje



Certa vez, um homem visitou o seu conselheiro e relatou seu problema.

- “Sou um alfaiate. Com os anos ganhei uma excelente reputação por minha experiência e alta qualidade do meu trabalho. Todos os nobres dos arredores me encarregaram de fazer seus trajes e os vestidos de suas esposas. Há alguns meses, recebi o encargo mais importante da minha vida.
O príncipe, em pessoa, ouviu falar de mim e solicitou-me que lhe costurasse uma roupa com a seda mais fina que é possível conseguir no país. Coloquei os melhores materiais e fiz o melhor melhor esforço. Queria demonstrar minha arte, pois este trabalho poderia abria as portas a uma vida de êxito e riqueza.

Mas quando lhe apresentei a roupa terminada, começou a gritar e a insultar-me:

- “Isto é o melhor que podes fazer? É uma atrocidade! Quem te ensinou a costurar?

Ordenou que eu me retirasse e jogou o traje atrás de mim. Estou arruinado. Todo meu capital estava investido nesta vestimenta, e pior ainda, minha reputação foi totalmente destruída. Ninguém voltará a encarregar-me uma veste depois disto. Não entendo o que aconteceu, foi o melhor trabalho que fiz em anos!”

- “Volte ao teu negocio” – disse o sábio.- “descosture cada uma das partes da veste e costure exatamente com as havia feito antes. Depois a leve ao príncipe”.

- “Mas vou eu vou ter o mesmo que tenho agora!” – protestou o costureiro. “Ainda mais, o meu estado de animo não é o mesmo de sempre”.

- “Faz o que eu te disse, e Deus o ajudará” – disse o homem.
Duas semana depois o costureiro retornou.

- “Você salvou a minha vida! Quando o presentei novamente com o traje, o rosto do príncipe se iluminou. “Lindo”! – exclamou. “Este é o traje mais bonito e delicado que já vi”!
Ele me pagou generosamente e prometeu entregar-me mais trabalhos e recomendar-me a seus amigos. Mas desejo saber: “qual era a diferença entre o primeiro e o segundo traje?”.

- “O primeiro traje” – explicou – “foi costurado com arrogância e orgulho. O resultado foi uma vestimenta espiritualmente repulsiva que, mesmo que tecnicamente perfeita, carecia de graça e beleza. Embora, a segunda veste foi feita com humildade e o com o coração quebrado, transmitindo uma beleza essencial que provocava admiração a cada um que a via”.

domingo, 4 de agosto de 2013

Vestida de branco



Uma jovem discutia, acaloradamente, com seu pai e defendia seus direitos de participar de uma festa popular, um lugar onde se reuniam pessoas de má reputação. O pai lhe dava razões contundentes, mas a jovem resistia a aceita-las.

Inesperadamente, a discussão mudou de foco e o pai a convidou a descer juntos ao porão onde havia muita poeira e se guardava carvão, mas ela teria que colocar um vestido branco. Diante da proposta de seu pai, a jovem replicou que poderia descer, mas não com o traje branco, pois iria se sujar toda.

- “Vês minha filha!” – disse o pai com voz amorosa – “Nada a impede de descer ao porão com um traje branco, mas há muitas coisas que impedem que possas subir com ele da mesma cor”. 

- “Da mesma forma, nada impede que vás a este lugar que desejas ir, mas tenha por certo que não regressarás igual, o que é teu se perderá ali”.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

A Árvore confusa



Em um Jardim muito lindo, onde havia Macieiras, Laranjais, Pêras e belíssimas Rosas, todas elas eram muito felizes e satisfeitas.

Tudo era alegria naquele jardim, exceto por uma Árvore. Ela estava profundamente triste e tinha um problema: não sabia quem era.

A Macieira lhe disse que o que lhe faltava era a concentração, se se esforçasse um pouco, teria deliciosas maçãs, e poderia supera-la facilmente! “Não escute o que diz a Roseira, ter rosas é mais fácil e são mais lindas ao olhar das pessoas e alegram a vida”. A Árvore tentava tudo o que lhe sugeriam, mas como não conseguia nada ela se sentia cada vez mais só e frustrada.

Certo dia, chegou até o belo jardim uma Coruja, a mais sábia das aves, e ao ver o desespero e a tristeza em que se encontrava a Árvore, disse-lhe: “Não te preocupes, para todo problema há uma solução e o teu não é difícil, é o mesmo problema da maioria dos seres humanos. Eu te darei a solução: “SEJA VOCÊ MESMA”!!!! Não tente ser, NEM FAZER o que os demais querem. A primeira coisa que deves fazer é conhecer-te e para conseguir tens que escutar a tua voz interior!!” E dizendo isto, a Coruja desapareceu.

A Árvore ficou pensando: “Minha voz interior? Ser eu mesmo? Conhecer-me?”. Desesperada, pensava no a Coruja quis dizer. Por um momento se viu completamente em silêncio e fechando os olhos e os ouvidos, abriu o coração e por fim, pode escutar sua voz interior dizendo: “Tu nunca darás maçãs, porque não és uma macieira; nem florescerá na primavera, porque não és um Roseira. “TU ÉS UM CARVALHO”. Teu destino é crescer, ser grande e majestosa, dar abrigo às aves, sombra aos viajantes, beleza à paisagem... Tu tens uma missão: cumpre-a!” A Árvore se sentiu forte e segura de si mesma e se dispôs a ser tudo aquilo pelo qual estava destinada.

Então, logo encheu o espaço e foi admirada e respeitada por todos e, somente assim, o jardim ficou feliz por completo.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Eu matei um homem!



Todo ano o rei liberava um prisioneiro. Quando completou 25 anos, o monarca, ele mesmo, quis ir à prisão. Cada um dos encarcerados preparou seu discurso de defesa.
- ‘Majestade,’ - disse o primeiro – ‘eu sou inocente. Um inimigo me acusou falsamente, e por isso estou aqui no presídio’.
- ‘A mim’ – argumentou outro – ‘confundiram-me com um assassino, mas eu jamais matei alguém’.
- ‘O juiz me condenou injustamente’ – disse o terceiro.
Assim todo e cada um manifestaram ao rei qual a razão de merecem a graça de serem libertados.
Havia, porém, um homem em um canto, que não se aproximava, e então o rei lhe perguntou:
- ‘Você! Por que estás aqui?
- ‘Porque matei um homem, majestade. Sou um assassino’.
- ‘E por que o matou?’
- ‘Porque eu estava muito violento neste dia’
- ‘E por que estavas violento?’
- ‘Porque não tenho domínio sobre minha coragem’.
Passou um momento de silêncio até o rei decidir. Então, tomou o seu cetro e disse ao assassino que acabara de interrogar.
- ‘Você! Pode sair da prisão’.
- ‘Mas, Majestade! – replicou o primeiro ministro – ‘por acaso, não parece mais justo qualquer um dos outros?’
- ‘Precisamente por isso’ – respondeu o rei – ‘tiro este malvado da prisão para que não estrague os outros que parecem ser tão bons’