domingo, 30 de setembro de 2012

Ame



Diz um Conto Chinês que um jovem foi visitar um sábio conselheiro e falou-lhe sobre as dúvidas que tinha a respeito de seus sentimentos pela sua jovem e bela esposa. O sábio escutou-o, olhou-o nos olhos e disse-lhe apenas uma coisa:

- Ame-a! - E logo se calou.

Disse o rapaz:

- Mas, ainda tenho dúvidas...

- Ame-a! -  disse-lhe novamente o sábio.

E, diante do desconcerto do jovem, depois de um breve silêncio, disse-lhe o seguinte:

- "Meu filho, amar é uma decisão, não um sentimento. Amar é dedicação. Amar é um verbo e o fruto dessa ação é o amor. O amor é um exercício de jardinagem. Arranque o que faz mal, prepare o terreno, semeie, seja paciente, regue e cuide. Esteja preparado porque haverá pragas, secas ou excessos de chuvas, mas nem por isso abandone o seu jardim. Ame, ou seja, aceite, valorize, respeite, dê afeto, ternura, admire e compreenda. Simplesmente: - Ame!!!

sábado, 29 de setembro de 2012

O verdadeiro cristão deixa marcas



Conta-se que um homem recém-convertido ida, um dia, caminhando apressadamente, olhando para todos os lados, buscando algo com ansiedade.  Aproximou-se de um ancião que estava sentado a beira do caminho e perguntou:

- “Por favor , senhor! Você viu passar por aqui algum cristão?”

O ancião, encolhendo os ombros, respondeu:

- “Depende do tipo de cristão que andas buscando.

- “Perdoa-me” – disse contrariado o jovem – “sou novo nisto e não conheço os tipos de cristãos que existe. Só conheço a Jesus”.

E o ancião completou:

- “Pois é amigo, existem muitos tipos de cristão e para todos os gostos. Há os cristãos por tradição, cristãos por cumprimento e cristãos por costume; cristãos por superstição, por obrigação, por conveniência; e também, existem os autênticos…”

- “Os autênticos! Estes são os que eu busco! Os de verdade” – exclamou o jovem emocionado.

- “Siga” – disse o ancião com voz grave – “Estes são os mais difíceis de se ver. Faz já muito tempo que passou um destes por aqui, e precisamente me perguntou o mesmo que você”.

- “Como pode reconhecê-lo?”.

E o ancião respondeu tranquilamente:

- “Não se preocupe amigo. Não terás dificuldade de reconhecê-lo. Um cristão de verdade não passa despercebido neste mundo quase perdido. Você o reconhecerá por suas obras. Aonde quer que vá, sempre deixa a sua marca".

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

A Parábola da Verdade



Um dia, a Verdade andava a visitar os Homens sem roupas e sem adornos, tão nua como o seu nome. E todos os que a viam lhe viravam as costas de vergonha ou de medo e ninguém lhe dava as boas vindas. Assim, a Verdade percorria os confins da Terra, rejeitada e desprezada...
Uma tarde, muito desconsolada e triste, encontrou a Parábola, que passeava alegremente, num traje belo e muito colorido.
- Verdade, porque estás tão abatida? - Perguntou a Parábola.
- Porque devo ser muito feia já que os homens me evitam tanto!
- Que disparate! - Riu a Parábola – não é por isso que os homens te evitam. Toma, veste algumas das minhas roupas e vê o que acontece.
Então a Verdade pôs algumas das lindas vestes da Parábola e, de repente, por toda à parte onde passava era bem vinda.
- Pois os homens não gostam de encarar a Verdade nua; eles preferem-na disfarçada.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

A mariposa e a estrela



Conta a lenda que uma jovem mariposa de corpo frágil e alma sensível voava ao sabor do vento certa tarde, quando viu uma estrela muito brilhante e se apaixonou.
Voltou imediatamente para casa, louca para contar à mãe que havia descoberto o que era o amor, mas a mãe lhe disse friamente:
- Que estupidez, filha! As estrelas não foram feitas para que as mariposas possam voar em torno delas. Procure um poste ou um abajur e se apaixone por algo assim. Foi para isso que nós fomos criadas.
Decepcionada, a mariposa resolveu simplesmente ignorar o comentário da mãe e permitiu-se ficar de novo alegre com a sua descoberta e pensava:
- Que maravilha poder sonhar!
Na noite seguinte, a estrela continuava no mesmo lugar, e ela decidiu que iria subir até o céu, voar em torno daquela luz radiante e demonstrar seu amor. Foi muito difícil ir além da altura com a qual estava acostumada, mas conseguiu subir alguns metros acima do seu voo normal. Entendeu que, se cada dia progredisse um pouquinho, iria terminar chegando à estrela, então se armou de paciência e começou a tentar vencer a distância que a separava de seu sonho.
Esperava com ansiedade que a noite descesse e, quando via os primeiros raios da estrela, batia ansiosamente suas asas em direção ao firme propósito.
Sua mãe ficava cada vez mais furiosa e dizia:
- Estou muito decepcionada com a minha filha. Todas as suas irmãs e primas já têm lindas queimaduras nas asas, provocadas por lâmpadas! Você devia deixar de lado esses sonhos inúteis e arranjar um que possa atingir.
A jovem mariposa, irritada porque ninguém respeitava o que sentia, resolveu sair de casa. Mas, no fundo, como aliás sempre acontece, ficou marcada pelas palavras da mãe e achou que ela tinha razão.
Por algum tempo, tentou esquecer a estrela, mas seu coração não conseguia esquecê-la e, depois de ver que a vida sem o seu verdadeiro sonho não tinha sentido, resolveu retomar sua caminhada em direção ao céu.
Noite após noite, tentava voar o mais alto possível, mas quando a manhã chegava, estava com o corpo gelado e a alma mergulhada na tristeza.
Entretanto, à medida que ia ficando mais velha, passou a prestar atenção a tudo que via à sua volta.
Lá do alto podia enxergar as belas cidades cheias de luzes. Vendo as montanhas, os oceanos e as nuvens que mudavam de forma a cada minuto, a mariposa começou a amar cada vez mais sua estrela, porque era ela quem a empurrava para ver um mundo tão rico e tão lindo.
Muito tempo depois resolveu voltar à sua casa para compartilhar as belezas que tinha visto e descoberto, e aí soube pelos vizinhos que sua mãe, suas irmãs e primas tinham morrido queimadas nas lâmpadas e nas chamas das velas, destruídas por aquilo que as limitavam.
A mariposa viveu muitos anos ainda, e descobriu que o verdadeiro sonho, aquele que vem do coração e do amor de sua essência traz muito mais alegrias, benefícios e aprendizado que aqueles “sonhos” motivados mais pela insegurança e pelo medo.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

A flor



O local estava deserto quando me sentei para ler embaixo dos longos ramos de um velho carvalho. Desiludido da vida, com boas razões para chorar, pois tinha a impressão que o mundo estava tentando me afundar.
 E se não fosse razão suficiente para me arruinar o dia, um garoto ofegante chegou perto de mim, cansado de brincar. Ele parou na minha frente, cabeça pendente, e disse cheio de alegria:
- Veja o que encontrei!
Na sua mão uma flor. E que visão lamentável! Estava murcha com muitas pétalas caídas...
Querendo ver-me livre do garoto com a sua flor, fingi um pálido sorriso e virei-me. Mas ao invés de recuar, ele sentou-se ao meu lado, levou a flor ao nariz e declarou com estranha surpresa:
- O cheiro é ótimo, e é bonita também... Por isso peguei nela. Pegue-a, é sua!
A flor à minha frente estava morta ou morrendo. Nada de cores vibrantes como laranja, amarelo ou vermelho, mas eu sabia que tinha que pegá-la, ou ele jamais sairia de lá. Então estendi-me para pegá-la e respondi:
- Era o que eu precisava...
Mas, ao invés de colocá-la na minha mão, ele segurou-a no ar sem qualquer razão. Nessa hora notei, pela primeira vez, que o garoto era cego, e que não podia ver o que tinha nas mãos. Senti a minha voz sumir. Lágrimas despontaram ao sol, enquanto lhe agradecia por escolher a melhor flor daquele jardim.
- De nada... Respondeu sorrindo.
E então voltou a brincar sem perceber o impacto que teve no meu dia.
Sentei-me e comecei a pensar como ele conseguiu enxergar um homem auto-piedoso sob um velho carvalho. Como ele sabia do meu sofrimento auto-indulgente? Talvez no seu coração ele tenha sido abençoado com a verdadeira visão. Através dos olhos de uma criança cega, finalmente entendi que o problema não era o mundo, mas sim EU! E por todos os momentos em que eu mesmo fui cego, agradeci por ver a beleza da vida e apreciar cada segundo que é só meu. Então levei aquela feia flor ao meu nariz e senti a fragrância de uma bela flor, e sorri enquanto via aquele garoto com outra flor em suas mãos prestes a mudar a vida de um insuspeito senhor de idade...